“Todos ao Monte e Fé em Deus”, por Companhia NAVIO e Companhia Encerrado para Obras.
Histórias que passam de geração em geração e carregam com elas o ADN cultural das comunidades abrangidas. Pilar fundamental das identidades coletivas de pequenas aldeias, vilas, etc., que graças ao trabalho fundamental realizado pelas associações culturais, perduram no tempo e disseminam-se, não só pelas gerações mais novas dessas mesmas comunidades, como dão a conhecer um pouco de si a outras vizinhas.
Nesta coprodução entre as Companhias NAVIO e Encerrado para Obras, a obra “Os Contos de Fajão”, que consiste na recolha de contos tradicionais por Monsenhor Nunes Pereira, foi o pilar principal para a adaptação realizada por estes artistas. Histórias sátiras que carregam a génese do “Portugal profundo” e todas as suas peculiaridades e problemáticas. Como já dizia o Pai do teatro português, Gil Vicente: “Ridendo castigat mores”.
Para a realização deste espetáculo, o processo de pesquisa e dramaturgia contou com trabalho de David Cruz, Hélder Carvalho, Jaime Castelo-Branco, Maria João Borges e Miguel Figueiredo. Já a encenação esteve sob o olhar de David Cruz, com assistência de Jaime Castelo-Branco. A música original é de responsabilidade de David Cruz.
Confesso que tenho um gosto especial por este género de espetáculos e este não desapontou em nada as expectativas. Um trabalho muito bem conseguido por toda a equipa!
Destaco o dinamismo de cena, as opções nas transições de cenário, o acompanhamento musical, as interpretações (por Hélder Carvalho, Jaime Castelo-Branco, Margarida Neto, Maria João Borges e Miguel Figueiredo) e a incorporação do público no jogo interpretativo.
Na sessão a que assisti, fui puxado a palco para interpretar o Bispo que vinha de visita a Fajão. Um momento muito divertido que me tirou muitas gargalhadas e que ficará na minha memória por muito tempo.
Em suma, parabenizo toda a equipa pelo trabalho apresentado e creio que, para além destas palavras que aqui comento neste pequeno texto, a reação do público ao longo da apresentação expressa-se por si só. Partilho um momento lindíssimo que assisti ao sair da sala de espetáculo, que foi uma menina com os seus 6/7 anos a cantar, toda contente e saltitona, uma das músicas presentes em espetáculo.