“«A Última Morada» de Jean-Pierre Martinez”, por Teatro do Avesso.
Uma história de enganos em que os cônjuges dos candidatos à presidência de freguesia, acabam por assumir a vanguarda eleitoral após o fatídico destino que assombrou a ambos os candidatos originais – curioso, não? Já o dono da agência funerária “Boa Morte” não poderia estar mais feliz com a oportunidade que lhe havia calhado, a não ser… com o atraso na entrega da mercadoria e o novo estagiário que lhe deixa os cabelos em pé – nem tudo é prefeito nesta vida, não é verdade?
Esta obra apresenta-nos uma constatação filosófica: “a nossa existência baseia-se em urnas, tanto eleitorais, como mortuárias”.
O espetáculo foi apresentado em contexto do ‘Festival Avesso 2025’, sob coordenação da Associação Avesso.
A sua concessão contou com a dramaturgia de Jean-Pierre Martinez, tradução de Maurícia Gabriel e adaptação e encenação de João Paulo Gouveia e João Pedro Ramos.
Uma peça cómica, crítica e envolvente. Elementos fundamentos para o sucesso da produção. Apetrechada de vídeos complementares e elementos de cenário que encheram os olhos do público. No seu geral, uma criação interessante com explorações interpretativas a destacar, como o candidato a presidente e o dono da agência funerária.
Por outro lado, creio que o espetáculo pecou em parte com a preocupação na “procura da piada”. Momentos em que se notava a introdução das “buchas cómicas” que, a meu ver, desnecessárias tendo em conta à construção dramatúrgica já bastante rica. Tal opção levava a um enfadamento com a ação.